20 de ago. de 2010

Lá do alto

"Vou cantar uma música do Bon Jovi. Gostam?" Segurou o microfone com as duas mãos. Ouviu o barulho da guitarra e começou: "This ain't a song for the broken-hearted". Bateu o pé no chão, balançando a cabeça no ritmo da música."No silent prayer for faith-departed." Continuou olhando para as poucas pessoas que estavam na sua frente. Reconheceu algumas pessoas, mas era a primeira vez que cantava na frente delas. "I ain't gonna be just a face in the crowd. You're gonna hear my voice. When I shout it out loud." Não estava nervoso. Cantava para si. Se encontrava na própria voz, sentia a energia da música e quando cantava não se importava com quase nada. "It's my life. It's now or never. I ain't gonna live forever. I just want to live while I'm alive." O homem em pé na porta olhava-o de cima a baixo. Analisava-o. Sabia o que ele queria, só não sabia se poderia ser o que ele pedia. "It's my life. My heart is like an open highway. Like Frankie said I did it my way. I just wanna live while I'm alive. It's my life." Lembrou da infância e da dificuldade que passava na família. Seu pai ouvia música todo o tempo, o que fez o garoto desde de cedo se interessar por cantar. Lembrou dos desejos que tinha ao ver o vizinho ter aquilo que queria para si. Não sentia inveja, mas ficava revoltado com o menino que não valorizava a sorte que tinha. "This is for the ones who stood their ground. For Tommy and Gina who never backed down." Nunca se deu bem com o vizinho. Ambos não podiam pernacer no mesmo local que já iam brigar. Acusava o menino do lado de riquinho, este chamava-o de pobrinho. Os pais logo viam separar, mas na semana seguinte estavam novamente discutindo. "Tomorrow's getting hard make no mistake. Luck ain't even lucky. Got to make your owns breaks." Na adolescência nunca se viam, porém foram se encontrar na faculdade. Estranhamente o vizinho também foi fazer música. Diferente da infância, viraram amigos. "It's my life. It's now or never. I ain't gonna live forever. I just want to live while I'm alive." Descobriram muitas coisas em comum. No fim do curso, formaram uma banda junto com outros três caras. Viajaram para muitos lugares, tocaram em pequenos bares e fizeram grandes amigos. "It's my life. My heart is like an open highway. Like Frankie said. I did it my way. I just wanna live while I'm alive. It's my life." Não conseguiram a verdadeira fama, mas quando voltavam para um lugar sempre os reconheciam. Eram felizes, não precisavam ganhar muito dinheiro com isso. "Better stand tall when they're calling you out. Don't bend, don't break, baby, don't back down." A felicidade acabou quando um dos caras foi vitima da violência do país. Encontraram o corpo do seu antigo vizinho, agora melhor amigo, em uma rua da Grande São Paulo. Disseram que reagira ao assalto, só que isso não importava mais. A banda perdeu um grande integrante. Não conseguiram se reestruturar depois do desastre e tudo acabou. "It's my life. It's now or never. I ain't gonna live forever. I just want to live while I'm alive. It's my life. My heart is like an open highway. Like Frankie said. I did it my way. I just wanna live while I'm alive. It's my life." Percebeu que como nunca sentia a falta do garoto que o irritava quando criança. Percebeu que tivera uma imagem errada na infância. Ia viver, mas o melhor amigo jamais seria esquecido. "It's now or never. I ain't gonna live forever. I just want to live while I'm alive." Depois de dois anos, um produtor o procurou. Escutou um de seus cds independentes e gostou. Agora estava com a sua banda se apresentando exclusivamente para a gravadora. Eles não só iriam fazer o disco, mas iriam divulgá-lo. "It's my life. My heart is like an open highway. Like Frankie said. I did it my way. I just wanna live while I'm alive. It's my life." Terminou a canção e ouviu os aplausos da pequena platéia. Sorriu e sabia que tinha dado certo. Não precisava pensar muito sobre o nome do primeiro álbum. Com certeza, colocaria o nome do vizinho como homenagem. Afinal, ele também faz parte da banda. Ouviu o produtor dizer para tocarem uma música de sua autoria e começou a cantar de novo.


A música se chama It's my life do Bon Jovi.

14 de ago. de 2010

Desejo

Correr. Dançar. Comer. Cantar. Fugir. Tudo isso passava pela cabeça da garota que deitava a cabeça para dormir. Sua mente estava em todos os lugares, menos naquele quarto. Seu pensamento não se limitava a distâncias ou ao tempo. Ia e voltava rapidamente, muitas vezes nem percebendo quando acontecia. Queria estar em todos os lugares, menos naquela casa, naquela cidade, até mesmo naquele país. De repente, sua imaginação a levou para longe dali. Se viu numa casa, não sabia onde, mas nevava lá fora. Olhou pela janela e viu árvores cobertas de neve. O verde das folhas pouco apareciam. A neve pintara as folhas de branco. Uma imagem linda que a fez ficar olhando durante um tempo. Porém, ouviu barulhos dentro da casa. Com medo de ser alguém tentando roubá-la, foi devagar em direção ao barulho. Na cozinha viu um homem abrir a geladeira e tirar uma garrafa de leite. Ficou surpresa por não conhecê-lo. Não deixou de reparar em sua aparência. Esguio, pele bronzeada, cabelos lisos caídos no rosto. Estava de calça jeans escura, all star e não usava camiseta. Reparou, da porta da cozinha, no seu peito. Sem pêlos, percebia que malhava mas não chegava a ser completamente musculoso. Seus olhos viraram em sua direção e ela percebeu a cor verde claro neles. Sentiu arrepiar-se. O sorriso que ele deu em seguida intensificou o arrepio. Não perguntou seu nome quando se aproximou. Antes mesmo dela dizer "quem é você?" ele a puxou pelo braço, colando seus corpos. Seus olhos encontraram-se. Ela sorriu, ele riu. "Eu sou apenas aquele que tu desejas" disse aproximando os lábios. Seus braços correriam pelo dela, tirando lentamente a pequena blusa que vestia. Não reclamou, não fez qualquer coisa. Sua mão corria pelo seu ombro nu, descendo lentamente pelo peito até a barriga. Seus dedos roçaram o ziper da calça. Os lábios colaram. Iniciaram, em seguida, um beijo caloroso. Perceberam que cada parte de suas bocas eram desconhecidas. Não se conheciam. Talvez nunca iriam se conhecer. Os lábios dele desceram pelo o pescoço dela. Ela, por sua vez, puxou sua calça, tirando-a devagar. Sentiu os lábios descendo pelo ombro, as mãos na sua cintura, subindo pela a barriga até seus seios acariciando-os lentamente. Sem parar por um segundo, a colocou na mesa, puxando sua calça em seguida. Ela o trouxe para perto colando suas bocas novamente. Terminou de tirar sua calça deixando-o somente com a cueca preta. O beijo aos poucos foi acalmando-se. Sua excitação subia. Queria ter conhecido aquele homem antes, queria realizar todos os seus desejos com ele. Colocou as mãos nas suas costas, descendo até sua bunda puxando-o para mais perto. Seu membro, já ereto, roçou na perna dela fazendo-a excitar ainda mais. Sua calcinha foi retirada. Gemeu quando sentiu entrar dentro dela. Gemeu mais alto quando estava mais fundo. Gemeu quando ele mordeu seu pescoço. Da mesma forma que as imagens apareceram rapidamente na sua mente, ela desapareceu. E a garota se viu deitada na cama, excitada e sem sono. Tentou imaginar as cenas de novo, mas não conseguiu. Sua mente já tinha voltado para a realidade. Sabia que não encontrara homem algum. Não sabia nem se iria encontrá-lo um dia.