7 de dez. de 2010

É assim.

Nascer, procurar. Curiosidade.
Usar, brincar, sorrir. Viver.
Dançar, cantar, gritar. Criatividade.
Aprender, ler, ouvir, atenção. Conhecimento.
Acreditar, querer. Conseguir.
Imaginar, planejar. Ter.
Paixão, amor. Encontrar. Sonhar.
Criar, admirar. Crescer.
Lembrar, agradecer. Morrer.


26 de nov. de 2010

Free


A minha maior vontade, no momento, é trabalhar em um cruzeiro. Seja de faxineira, ou qualquer outra coisa. Só queria rodar o mundo, sem ter um lugar para ir, ou para voltar. Sem se preocupar com o que pode acontecer. Apenas conhecer o mundo, ter ele para você. Outro dia ouvi uma frase "Por que fazer da casa o seu mundo se você pode fazer o mundo a sua casa?". E ela é perfeita. Uma das melhoras sensações da minha vida foi quando ao voltar de um curso, eu parei em um parque e percebi que não tinha que dar satisfação para ninguém. Não havia ninguém me esperando em casa. Nem sabiam que eu tinha saído. Essa sensação de liberdade foi uma das melhores sensações da minha vida. A Liberdade de poder fazer o que quiser, sem ter que ligar para alguém dando satisfação. Quando você é jovem, você dá satisfação para mãe, pai, a família em geral. Quando cresce, você dá satisfação para o marido. E a liberdade? Não acontece. Nunca. As pessoas deviam ter essa liberdade. Decidir e arcar com as conseqüências daquilo que decidir. Por que não? Se as pessoas ao menos soubessem que se sentir livre, livre de preocupação, de satisfação, de opinião, é a melhor sensação do mundo. Você não precisa ser sozinho para ser livre. Você precisa viver consigo mesmo para ser livre. Ser quem você gosta, gastar o seu tempo com o que quiser e não se sentir culpado por isso.


19 de set. de 2010

Momentos Esquecidos




Dois dias se passaram. Nada dela acordar. Estava nervoso, meu coração congelado. O medo de nunca mais vê-la sorrir assombrava todos os órgãos. Sentia-me sozinho naquele corredor enorme do hospital. Meu irmão gêmeo sentado ao meu lado parecia mais uma sombra do que alguém tentando me acalmar. Ignorava a todos. Lembranças do acidente atormentava meu pensamento. Não esquecia da imagem dela sentada no banco do carro, de olhos fechados, parecia morta. Não estava. O médico disse que ela poderia acordar a qualquer hora, ou não. Poderia haver consequências, ou não. Estava ficando louco com tantas incertezas.
O doutor apareceu no corredor e disse que Natalie estava acordando e que seria bom se eu fosse a primeira pessoa que ela visse. Meu coração saltou. Sem pensar duas vezes, fui até o quarto. Sentei ao seu lado e fiquei olhando-a abrir os olhos. Sorria por fora. "Natalie" falei baixinho. Ela olhou para mim e com os olhos arregalados disse: "Quem é você?". Meu coração gelou. Como assim? Ela não me reconhecia? O médico entrou na mesma hora, perguntando como ela está. Pediu para eu sair rápido quando ao perguntar à ela em que ano estávamos e ela respondeu 2000. Fiquei aflito. O que houve? Bill olhou em meus olhos e logo percebeu que tinha algo errado. Me abraçou e permitiu que eu chorasse em seus ombros. Suspirando e dizendo que ela não sabia quem eu era. Namorávamos há sete anos e ela não me reconhecia. Isso simplesmente não entrava na minha cabeça.
"Tom, ela sofreu uma pequena perda de memória. Seu cérebro voltou para dez anos atrás. Na maioria dos casos, a memória volta. Pode demorar dias, meses ou anos, mas normalmente volta." Tentava assimilar o que ele dizia, mas não conseguia. Simplesmente, não aceitava o fato que ela tinha esquecido todas as coisas que tínhamos passado juntos. Todas as horas sorrindo, brincando, dançando e discutindo. "Você poderia estimular que essa memória voltasse". Perguntei como e o médico sugeriu que eu a levasse a lugares que a marcaram durante esses anos. Entrei no quarto, receoso e ansioso de vê-la. Ela me viu e sorriu. "O médico disse que eu perdi a memória, então desculpa se não te reconheço" disse com toda a simpatia comum que tinha. "Disse que estamos em 2010. Duvidei até ele ligar a televisão." riu de si mesma. Ela conseguia aceitar isso na boa, mas eu não. "Tudo bem". Foi a única coisa que consegui dizer ao sentar ao seu lado. "Há quanto eu te conheço?" perguntou, olhando para o meu rosto. Tentava me decifrar, conhecia esse olhar. "Sete anos. Faz um ano que casamos." Fez cara de surpresa e riu-se. "Ah, não acredito. Você é bonito demais para ser meu marido." Ficou séria, de repente, e sussurrou: "Deve estar sendo difícil para você". Sim, estava sendo muito difícil.
Saímos do hospital. Eu, ela, sua mãe e sua tia. Íamos todos para minha casa. A semana foi difícil. Não conseguia ser a mesma coisa, raramente conversávamos sem ficar com vergonha um do outro. Mesmo com todas as complicações, estava feliz que ao menos estava viva. Continuava tendo tudo que a antiga Natalie tinha. Ria das mesmas coisas sem graça. Irritava-se com as mesmas coisas. Era a mesma pessoa. Resolvemos viajar para todos os lugares que íamos juntos. Fomos para a Alemanha, onde eu morava, depois íamos ao Brasil e por último, Estados Unidos onde ela trabalhava. Seu chefe, sabendo da situação, deu um tempo de férias para ela se recuperar. Não tinha data para voltar, mas ambos sabíamos que ele não esperaria para sempre. Era Julho e na Europa estava quente. Descemos do avião e o Bill me esperava. Comprimentos a parte, entramos no carro. "Sinto como se fosse a primeira vez que piso aqui". Disse, admirando as ruas pela janela do carro. "Mas é, praticamente, a primeira vez", retruquei sorrindo levemente. Ela riu e olhou-me "Quando foi a primeira vez que vim aqui, Tom?", perguntou. Não contei de como nos conhecemos, nem nada disso. Queria que ela se lembrasse. "Eu te dei de presente de aniversário aos 18 anos." Respondi, olhando para a janela em seguida. Lembrando do dia que chegamos há seis anos. Ela estava encantada com a cidade, com a neve que caia. Pegamos um táxi e ficou dizendo o caminho inteiro em como os alemães são lindos, a Alemanha é linda e que eu parecia com todos os caras que estavam na rua. Eu ria e beijava sua boca a cada bobagem que falava. Entramos em casa. Deixei nossas malas com a empregada. Mostrei seu quarto e fui deitar-me na cama. Minha cabeça girava. Somente queria dormir sem ser incomodado por qualquer pessoa.
Cinco meses haviam se passado e quase nada tinha mudado. Ela me conhecia melhor, conversávamos mais a vontade. Não tinha coragem de tocá-la, de beijá-la, qualquer coisa. Isso me matava. Meu desejo me consumia aos poucos. Não conseguia fazer nada com ela, muito menos com qualquer outra. Não sabia como seria sua reação se eu a beijasse. Bill achava uma bobagem. Ele sempre dizia: "Se ela te amou antes, pode te amar agora." Estava frio, mas Berlim fervia. Passamos pelo Brasil em Agosto, pelos Estados Unidos em Outubro. E agora, estávamos de volta. Estava com medo de que ela não se lembrasse de nada. Era Natal, no espelho observava-me. Meus cabelos não estavam compridos como há sete anos. Estava um pouco mais magro. "Deveria voltar para a academia" pensei e ri sozinho na frente do espelho. Desci as escadas em direção a sala. A vi lá embaixo acendendo a fogueira. Estava linda. Vestido preto, justo e um pouco curto. Os saltos altos a deixavam um pouco alta, mas baixinha o bastante perto de mim. Virou-se e sorriu ao me ver. "Tom!" disse, vindo em minha direção. Meu coração estava no peito. "O Bill acabou de chegar" pegou na minha mão e me puxou em direção as pessoas na sala. A enorme árvore de Natal cintilava perto da fogueira. Sentei ao lado do meu irmão. "O que temos na ceia, Tom? Cozinhou para gente?" perguntou minha cunhada, rindo. Ela sabia que eu era um desastre na cozinha. "Não, querida. Deixei que a Rosalie fizesse nossa comida hoje." Sorri enchendo a taça de champanhe. "A Rosalie fez ótimos camarões e lagarto." Natalie disse, bebendo o resto do vinho presente no seu copo.
Já se passava da uma da manhã quando sentamos em volta da árvore para entregar os presentes. Peguei o meu, uma caixa vermelha, e entreguei à ela. Segurou a caixa, sorrindo ao puxar os laços feitos. Abriu a pequena caixa e arregalou os olhos quando viu um colar de ouro com pequenos diamantes. "É lindo, Tom. Deve ter custado uma fortuna." Sim, era esse seu jeito de agradecer. Entregou-me o colar e permitiu-me que colocasse em volta do seu pescoço. "Amei. É lindo. Isso deixa o meu presente lá embaixo. Mas, afinal, o que se dá a alguém que tem tudo?" Procurou seu presente no meio dos vários e me entregou. Abri a média caixinha. Lá dentro havia uma guitarra de vidro. Artisticamente linda e a sua volta havia um pingente de ouro que abria e lá dentro via-se uma foto. Era eu e ela rindo. A foto foi tirada há um mês em Los Angeles. Amando o presente, agradeci com um abraço. Essas coisas simples que eu queria que ela não tivesse esquecido.
Sentados no sofá, bebendo vinho e ouvindo música, depois que todos foram embora, conversávamos sobre coisas que haviam acontecido no dia. "Você viu a travessura que seu irmão fez na mesa, Tom?" perguntou, enchendo novamente meu copo. "Não, o que foi?". "Ele derrubou um camarão debaixo da mesa. Como ele não queria que ninguém visse, ele chutou o camarão para longe e este foi parar debaixo do móvel. A Rosalie vai brigar contigo amanhã." Sorri, bebendo um gole do vinho. "Ela vai brigar com o Bill, ela sabe que eu não faço essas coisas". Ela riu e levantando do sofá disse que ia dormir. Na metade da escada, ela parou e olhou-me "Você não vai subir?". "Não agora, vou ficar aqui mais um pouco." respondi. "Tudo bem. Tom, deixa eu te perguntar." disse, apoiando-se no corrimão da escada. "Você me contou pouca coisa sobre nós antes do acidente. Como era nosso relacionamento antes disso tudo?". Olhei para ela, pegando um pouquinho da coragem lá do fundo e disse: "Éramos um ótimo casal. Tivemos alguns problemas no começo por nossa agenda não se bater muito, mas quando nos encontrávamos ficávamos um mês grudados, na cama, conversando e rindo. Nos amávamos muito." Sem dizer qualquer coisa, virou as costas e subiu.
No dia 31 a neve se intensificava. Todo mundo já estava no último andar do hotel para ver a chuva de fogos. Fui à janela, Natalie observava as coisas lá fora. Quieta demais, silenciosa demais. "Eu amo essa visão." disse ao perceber minha presença. "É linda." Sorri. Sua mão encostou na minha e sem que eu percebesse ela entrelaçou nossos dedos. Ficamos assim um tempo. Olhando a linda vista e um acariciando a mão do outro. "Tom", quebrou o silêncio. Senti que sua mão suava, mas não disse nada. "Eu te amo." sussurrou, antes de eu dizer algo continuou. "Eu te amei antes, por que você acha que eu não poderia te amar agora? Eu amo você, Tom. Não sei se é diferente, mas sei o que sinto por você agora", terminou e saiu dali em direção a mesa de refeição. Meu coração estava aliviado. Olhei para a mulher sentada na mesa e sorri por saber que ela poderia me amar apesar de tudo.
Quando chegamos em casa, chamei-a para conversar na sala. Sentamos no pequeno sofá e sem saber por onde começar, perguntei: "Você disse que me ama, certo? Você me ama por que acha que deve me amar?". Ela segurou minha mão e lentamente respondeu: "Não, Tom. Eu não disse que te amo porque acho que devo te amar. Faz cinco meses que tudo isso aconteceu, acha que não é tempo suficiente para eu te amar de novo?". Olhei para ela passando os dedos pelo seu rosto. "Eu te amo tanto. É suficiente, eu te amei nos primeiros dois meses." Natalie sorriu. "Eu te amo tanto, Tom." Coloquei minhas mãos no seu rosto, puxei-o para o meu e beijei seus lábios com toda a vontade. Ela puxou meu corpo pela camisa, colando nossos corpos. Deitei-a no sofá, beijando seu pescoço, rosto e boca. Sussurrei em seu ouvido que a amava. Ela deixou suas mãos em minhas costas, tirando minha camiseta. Por um momento, parou de fazer tudo que estava fazendo, olhou para mim e disse: "Eu lembrei, Tom. De tudo." Arregalei os olhos e antes mesmo de dizer algo, ela beijou-me e nos amamos loucamente ali no sofá, depois subimos e fizemos tudo de novo na cama.

13 de set. de 2010

Broken


Você quebrou algo dentro de mim, me fez ter o que eu não tinha antes: Sentimentos.

8 de set. de 2010

20 de ago. de 2010

Lá do alto

"Vou cantar uma música do Bon Jovi. Gostam?" Segurou o microfone com as duas mãos. Ouviu o barulho da guitarra e começou: "This ain't a song for the broken-hearted". Bateu o pé no chão, balançando a cabeça no ritmo da música."No silent prayer for faith-departed." Continuou olhando para as poucas pessoas que estavam na sua frente. Reconheceu algumas pessoas, mas era a primeira vez que cantava na frente delas. "I ain't gonna be just a face in the crowd. You're gonna hear my voice. When I shout it out loud." Não estava nervoso. Cantava para si. Se encontrava na própria voz, sentia a energia da música e quando cantava não se importava com quase nada. "It's my life. It's now or never. I ain't gonna live forever. I just want to live while I'm alive." O homem em pé na porta olhava-o de cima a baixo. Analisava-o. Sabia o que ele queria, só não sabia se poderia ser o que ele pedia. "It's my life. My heart is like an open highway. Like Frankie said I did it my way. I just wanna live while I'm alive. It's my life." Lembrou da infância e da dificuldade que passava na família. Seu pai ouvia música todo o tempo, o que fez o garoto desde de cedo se interessar por cantar. Lembrou dos desejos que tinha ao ver o vizinho ter aquilo que queria para si. Não sentia inveja, mas ficava revoltado com o menino que não valorizava a sorte que tinha. "This is for the ones who stood their ground. For Tommy and Gina who never backed down." Nunca se deu bem com o vizinho. Ambos não podiam pernacer no mesmo local que já iam brigar. Acusava o menino do lado de riquinho, este chamava-o de pobrinho. Os pais logo viam separar, mas na semana seguinte estavam novamente discutindo. "Tomorrow's getting hard make no mistake. Luck ain't even lucky. Got to make your owns breaks." Na adolescência nunca se viam, porém foram se encontrar na faculdade. Estranhamente o vizinho também foi fazer música. Diferente da infância, viraram amigos. "It's my life. It's now or never. I ain't gonna live forever. I just want to live while I'm alive." Descobriram muitas coisas em comum. No fim do curso, formaram uma banda junto com outros três caras. Viajaram para muitos lugares, tocaram em pequenos bares e fizeram grandes amigos. "It's my life. My heart is like an open highway. Like Frankie said. I did it my way. I just wanna live while I'm alive. It's my life." Não conseguiram a verdadeira fama, mas quando voltavam para um lugar sempre os reconheciam. Eram felizes, não precisavam ganhar muito dinheiro com isso. "Better stand tall when they're calling you out. Don't bend, don't break, baby, don't back down." A felicidade acabou quando um dos caras foi vitima da violência do país. Encontraram o corpo do seu antigo vizinho, agora melhor amigo, em uma rua da Grande São Paulo. Disseram que reagira ao assalto, só que isso não importava mais. A banda perdeu um grande integrante. Não conseguiram se reestruturar depois do desastre e tudo acabou. "It's my life. It's now or never. I ain't gonna live forever. I just want to live while I'm alive. It's my life. My heart is like an open highway. Like Frankie said. I did it my way. I just wanna live while I'm alive. It's my life." Percebeu que como nunca sentia a falta do garoto que o irritava quando criança. Percebeu que tivera uma imagem errada na infância. Ia viver, mas o melhor amigo jamais seria esquecido. "It's now or never. I ain't gonna live forever. I just want to live while I'm alive." Depois de dois anos, um produtor o procurou. Escutou um de seus cds independentes e gostou. Agora estava com a sua banda se apresentando exclusivamente para a gravadora. Eles não só iriam fazer o disco, mas iriam divulgá-lo. "It's my life. My heart is like an open highway. Like Frankie said. I did it my way. I just wanna live while I'm alive. It's my life." Terminou a canção e ouviu os aplausos da pequena platéia. Sorriu e sabia que tinha dado certo. Não precisava pensar muito sobre o nome do primeiro álbum. Com certeza, colocaria o nome do vizinho como homenagem. Afinal, ele também faz parte da banda. Ouviu o produtor dizer para tocarem uma música de sua autoria e começou a cantar de novo.


A música se chama It's my life do Bon Jovi.

14 de ago. de 2010

Desejo

Correr. Dançar. Comer. Cantar. Fugir. Tudo isso passava pela cabeça da garota que deitava a cabeça para dormir. Sua mente estava em todos os lugares, menos naquele quarto. Seu pensamento não se limitava a distâncias ou ao tempo. Ia e voltava rapidamente, muitas vezes nem percebendo quando acontecia. Queria estar em todos os lugares, menos naquela casa, naquela cidade, até mesmo naquele país. De repente, sua imaginação a levou para longe dali. Se viu numa casa, não sabia onde, mas nevava lá fora. Olhou pela janela e viu árvores cobertas de neve. O verde das folhas pouco apareciam. A neve pintara as folhas de branco. Uma imagem linda que a fez ficar olhando durante um tempo. Porém, ouviu barulhos dentro da casa. Com medo de ser alguém tentando roubá-la, foi devagar em direção ao barulho. Na cozinha viu um homem abrir a geladeira e tirar uma garrafa de leite. Ficou surpresa por não conhecê-lo. Não deixou de reparar em sua aparência. Esguio, pele bronzeada, cabelos lisos caídos no rosto. Estava de calça jeans escura, all star e não usava camiseta. Reparou, da porta da cozinha, no seu peito. Sem pêlos, percebia que malhava mas não chegava a ser completamente musculoso. Seus olhos viraram em sua direção e ela percebeu a cor verde claro neles. Sentiu arrepiar-se. O sorriso que ele deu em seguida intensificou o arrepio. Não perguntou seu nome quando se aproximou. Antes mesmo dela dizer "quem é você?" ele a puxou pelo braço, colando seus corpos. Seus olhos encontraram-se. Ela sorriu, ele riu. "Eu sou apenas aquele que tu desejas" disse aproximando os lábios. Seus braços correriam pelo dela, tirando lentamente a pequena blusa que vestia. Não reclamou, não fez qualquer coisa. Sua mão corria pelo seu ombro nu, descendo lentamente pelo peito até a barriga. Seus dedos roçaram o ziper da calça. Os lábios colaram. Iniciaram, em seguida, um beijo caloroso. Perceberam que cada parte de suas bocas eram desconhecidas. Não se conheciam. Talvez nunca iriam se conhecer. Os lábios dele desceram pelo o pescoço dela. Ela, por sua vez, puxou sua calça, tirando-a devagar. Sentiu os lábios descendo pelo ombro, as mãos na sua cintura, subindo pela a barriga até seus seios acariciando-os lentamente. Sem parar por um segundo, a colocou na mesa, puxando sua calça em seguida. Ela o trouxe para perto colando suas bocas novamente. Terminou de tirar sua calça deixando-o somente com a cueca preta. O beijo aos poucos foi acalmando-se. Sua excitação subia. Queria ter conhecido aquele homem antes, queria realizar todos os seus desejos com ele. Colocou as mãos nas suas costas, descendo até sua bunda puxando-o para mais perto. Seu membro, já ereto, roçou na perna dela fazendo-a excitar ainda mais. Sua calcinha foi retirada. Gemeu quando sentiu entrar dentro dela. Gemeu mais alto quando estava mais fundo. Gemeu quando ele mordeu seu pescoço. Da mesma forma que as imagens apareceram rapidamente na sua mente, ela desapareceu. E a garota se viu deitada na cama, excitada e sem sono. Tentou imaginar as cenas de novo, mas não conseguiu. Sua mente já tinha voltado para a realidade. Sabia que não encontrara homem algum. Não sabia nem se iria encontrá-lo um dia.

31 de jul. de 2010

Sentimentos


Brigas e mais brigas. Discussões desnecessárias. Palavras rudes digeridas um ao outro. Juras de ódio, desprezo, vontade de esganar, ciúme, medo. Um olhar magoado o fere como uma espátula quente entrando dentro do seu corpo. Um erro feito que muitas vezes é perdoado, porém jamais esquecido. Lembranças ruins. Cobrança, palavras malfeitas. A raiva sobe, junto com as lágrimas. Tenta fazê-las voltar, mas não consegue. O outro se desespera. Acredita ser fingimento, drama demais. Deixa-a no sofá e abre a porta de casa. Foi para qualquer lugar. A voz dela zumbia em seu ouvido como um pernilongo irritante. Se pudesse voltar no tempo... mas não pode. Não queria magoá-la de novo. Sentada no sofá agarrada as almofadas revia todos os acontecimentos do dia. De manhã tomara café e fora trabalhar. Havia decidido, para mudar de rotina, almoçar em casa naquele dia. O marido não estaria em casa, mas queria sentir o cheiro dos móveis novos, sentar no seu sofá e assistir a qualquer programa ridículo na televisão. Agora, preferia ter almoçado no escritório. Em casa, fora surpresa com o marido com uma amante. Não desconfiara de nada, sempre estava ligada demais ao trabalho. Não tinham filhos, não queria. O telefone toca, ela não atende. Logo após a voz da secretária eletrônica ouve o homem que estava casada há seis anos. Perde perdão e diz que não iria acontecer outra vez. "Todos dizem isso" pensou. Levantou do sofá, pegou sua bolsa e saiu da casa. Entrou no carro, decidida. Não iria ficar se lamentando por algo assim, não era do seu tipo. Foi parar em um apartamento na parte nobre da cidade. O porteiro já a conhecia, então deixou-a subir direto. Apertou o botão do sexto andar. Pensou em todos esses anos, vários fatos passaram em seus olhos. Se viu no dia que se conheceram e no dia que se casaram. Foram felizes, sabia. Não adiantava nada lutar por algo que não existia mais. Bateu na porta do 603 e o homem que atendeu ficou surpreso com a mulher a sua frente. Afinal, não acreditava que ela fosse aparecer aquela hora. Portanto, sorriu. Ela sorriu também. Olhou para ele. Esguio, alto, rosto marcante, lábios finos e vermelhos, cabelos negros, lisos que escorriam pela testa, bagunçados, olhos castanhos-esverdeados que no sol era maravilhoso. Se amavam há um bom tempo, mas nunca tiveram qualquer coisa. Não estava preparada para mudar de relacionamento. Agora estava? Não sabia. Só queria pensar no que aconteceria agora. Ele segurou nas suas mãos e puxou-a para dentro, fechando a porta atrás de si. Pela expressão do rosto dela, percebeu que havia acontecido algo. Não perguntou. Somente correspondeu quando os lábios carnudos da mulher beijaram os seus. Seu coração parou, segundos depois sua pulsação acelerava rapidamente. Amava todas as coisas nela. Esperou muito tempo para sentir o que sentira agora. Não iria fazê-la se arrepender. Jamais.

24 de jul. de 2010

Subir


Sonho, sonho, sonho. Sonhar. Muitos dizem que para os nossos sonhos se realizarem precisamos apenas ter determinação. Determinação? O difícil, realmente, é ter isso. Como ser determinado, lutar por algo sem a certeza de que toda a sua luta não se transformará em pó? Como encontrar dentro de si essa força para continuar tentando? Poucos tem a capacidade de ter força de vontade. Poucos mesmos são aqueles que não precisam ter força de vontade para realizar seu sonho. É fácil dizer que não foi difícil chegar ao topo quando você pegou um helicóptero no meio do caminho. Complicado é subir, enfrentar todos os obstáculos. Levantar de todos os erros e seguir em frente. Difícil é encontrar um monte de armadilhas que te faz querer voltar, mas, mesmo assim, seguir em frente. Porém, quando você está lá em cima e olha para tudo aquilo que enfrentou, é simplesmente maravilhoso. Somente para aquele que enfrentou a subida com unhas e dentes que será gradificante. Aquele que não passou por todas essas fase, não admirará o que conquistou porque não foi difícil. Triste é aquele que mesmo passando por todos os obstáculos, chega lá em cima e não consegue olhar para trás e admirar. Cego pela ilusão de ter, ter, e ter, não consegue admirar. Não consegue entender que seu sonho já foi realizado.

6 de jul. de 2010

Contradictions

And it’s a beautiful mess, yes it is.”

Convicção, contradições exageradas. Não se apega a pessoas, até mesmo, coisas materiais. Sorri necessariamente, ri escandalosamente. Humor inconstante. Criticamente analisando, criticamente argumentando. Insegurança, desconfiança. Vontade, desavontade. Medo lado a lado à coragem. Imaginação estranha, estranhamente imaginativas. Língua obscura, delicadeza e palavrão. Contradições sobre contradições. Liberdade presa a dependência. Futuro assustador, ansiosamente esperando o amanhã. Horas sonhando, horas cantando. Há quem não entende, mas nem sua mente consegue entendê-la. Timidez junto a surtos de extrovertimento. Poucas palavras, muitos pensamentos. Contradições contrárias: Contrárias ao mundo, as pessoas, a natureza, a Deus e até ao pensamento. Vontade de ser diferente, mas o diferente de si mesmo não a atrai. Inteligência é a palavra. Morre jovem, cedo envelhece. Um pouco de si mesmo ao mundo, tentando fazer todos compreendê-la, pois nem ela mesma si compreende.

4 de jul. de 2010


"O remédio é a experiência, um perigoso envolvimento. E o engraçado que isto é sério."


24 de jun. de 2010

All I really want is you.

A garota de vinte e poucos anos cantava em cima do palco. Fechava os olhos na parte que a empolgava mais. Tinha um talento único para a música, todos sabiam. Era ela sempre que subia ao palco para deslumbrar a platéia. Hoje, porém, quem iria deslumbrar seria ele. Poucos sabiam do seu talento para a música. Apenas alguns amigos sabiam que cantara quando criança em festivais e na adolescência tivera uma banda. Mas não se importava com o que os outros pensariam. Cantaria para alguém especial. "You're everything I need and more. It's written all over your face.Baby I can feel your halo. Pray it won't fade away. I can feel your halo halo halo.I can see your halo halo halo. I can feel your halo halo halo. I can see your halo halo halo". Juliana terminara, ouvindo os aplausos de todos que ali estavam. Interropendo aquele que chamava o próximo cantor, anunciou que iria cantar uma canção. Subiu as escadas que davam para o centro do palco e pediu à banda a música que queria. "Essa canção é para alguém especial", disse, balançando a cabeça positivamente em direção a banda, que logo começou a tocar música. "Oh, this is the start of something good. Don't you agree? I haven't felt like this in so many moons. You know what I mean?" Segurou o microfone e o som da sua voz saia maravilhosamente para quem o ouvia. Fechou os olhos, de repente, lembrando de como a conhecera. Era inverno, estava no primeiro ano da faculdade e começara a trabalhar como auxiliar de escritório de advocacia. Ela entrara de vestido preto justo, cabelos soltos, longos e negros que contrasteava sua pele branca como a neve. Pousou imediatamente os olhos nela. Esta não o notou. Demorou apenas alguns dias para vê-la de novo. "And we can build through this destruction. As we are standing on our feet". A viu novamente somente no elevador daquele prédio. Estava indo almoçar e acabara convidando-o para fazer companhia. Iniciaram uma grande amizade então. "So since you want to be with me. You'll have to follow through. With every word you say. And I, all I really want is you. For you to stick around.I'll see you everyday. But you have to follow through". Descobriu que namorava, não teve coragem de dizer que era louco por ela. Mesmo quando esta terminou, não disse. Tinha pavor da rejeição. A amava, com toda a alma e coração. Queria-a, desejava-a. "You have to follow through". Um dia estavam em sua casa. Sentados na cama, discutiam sobre a atuação de uma personagem de algum filme. Riam horrores dos absurdos que diziam. Numa crise de riso, ela caíra da cama e ele tentando segurá-la acabara caindo junto com ela. No chão riam ainda mais. Parando a graça olharam um ao outro de uma maneira diferente. Os corações palpitavam, não conseguiam desviar um do outro ou fazer qualquer coisa. A porta abriu e seu pai aparecera perguntando o que ambos estavam fazendo no chão. Em um segundo levantaram e nunca mais ficaram daquele jeito. "These reeling emotions they just keep me alive.They keep me in tune.Oh, look what I'm holding here in my fire. This is for you." Sua carência era absurda. Qualquer briga já o chamava e ele ficava um tempão abraçando-a. Era inteligente e contrariava o pai que a queria como advogada. Fez arquitetura. Sorria de tudo e para todos. Apesar de sua simpatia, era difícil conquistar sua confiança. "Am I too obvious to preach it? You're so hypnotic on my heart". Sua cor preferida era vermelho, mas nas roupas usava cores neutras como branco e preto. Só calçava sapatos com salto à noite e em festas. Raramente o usava em outro lugar. Maquiagem só o necessário. Ficava linda naturalmente. O cabelo sempre liso, bem cuidado e comprido. Amava música, dançava sozinha se deixasse. Cantava também. Não muito bem, mas cantava. Amava a Itália, sua comida, história, cultura. Moraria lá um dia, dizia. "So since you want to be with me. You'll have to follow through. With every word you say. And I, all I really want is you. For you to stick around. I'll see you everyday. But you have to follow through. You have to follow through." Brigaram algumas vezes, inclusive por ciúmes. Ela implicava horrores com as namoradas que ele arrumava. Sempre arrumando defeitos, muitas não eram boas o suficiente. Muitas vezes ela estava certa, mas ele insistia num relacionamento a qualquer custo. Queria amar outra mulher, mas não conseguia. "The words you say to me are unlike anything. That's ever been said. And what you do to me is unlike anything. That's ever been." Amava sua voz irritante quando discutia. "Am I too obvious to preach it. You're so hypnotic on my heart". Amava sua cara manhosa quando brigava com o pai e corria à ele. "So since you want to be with me. You'll have to follow through. With every word you say." Amava seu sorriso largo com dentes perfeitos. "And I, all I really want is you. For you to stick around. I'll see you everyday." Amava a confiança que tinham um no outro acima de qualquer coisa. "So since you want to be with me. You'll have to follow through. With every word you say." Amava tudo, simplesmente qualquer coisa naquele garota simples e complicada, amavél e ignorante. "And I, all I really want is you. For you to stick around. I'll see you everyday." Tirou o microfone do apoio e desceu as escadas lentamente em direção a primeira mesa. Tomara coragem, depois de tempos sem. Precisava falar, não aguentava mais. Seus olhos enchiam de lágrimas, mas não chorava. Tinha que dizer, afinal. "But you have to follow through. You have to follow through. You're gonna have to follow." Parou em frente a garota e segurando em suas mãos terminou a música. "Oh, this is the start of something good. Don't you agree?". Sorrindo e enchendo o peito com toda a emoção do mundo virou para a mulher que amava e disse fora do microfone "Eu te amo, fica comigo?". Junto com os aplausos das pessoas, a ouviu dizem sim e sem pensar duas vezes a entrelaçou em seus braços e a beijou com toda a vontade.


As músicas presentes são Halo da Beyoncé e Follow Through do Gavin Degraw

9 de jun. de 2010

Vozes eternas

Passava pelo corredor vazio, era começo da noite. Estava com pressa para chegar em casa. O dia havia sido longo, cansativo. Estivera naquele prédio desde às oito da manhã, não queria sentir nem o cheiro dele agora. Agora, voltava da biblioteca. Alugara um livro, um romance épico. Iria lê-lo no fim de semana, não estava com vontade de ir a qualquer lugar nos próximos dias. Ficaria o dia inteiro na cama lendo, imaginando e depois colocaria tudo isso no trabalho mês que vem. O professor havia de ficar satisfeito, pensou. Parou, de repente, em frente a porta da antiga sala de música no corredor. Ouviu um piano e uma música conhecida por ela. Esqueceu do cansaço e ficou ouvindo a voz maravilhosa. "Well it kind of hurts when the kind of words you write. Kind of turn themselves into knives. And don't mind my nerve you can call it fiction. ‘Cause I like being submerged in your contradictions dear. ‘Cause here we are, here we are." Paralisada ao som, não sabia se abria ou não a porta. Queria ver quem cantava a música, queria conhecer o dono dessa bela voz. Tomando coragem, abriu a porta. Vendo na sala, um jovem ao piano, cabelos loiros, pele branca. De costas, somente via parte da camiseta branca e da calça jeans preta. "Your comebacks they’re quick. And probably have to do with your insecurities. There’s no shame in being crazy, depending on how you take these. Words that paraphrasing this relationship we’re staging." Continuou cantando não percebendo a presença da jovem observando-o. Quase todos os dias antes de voltar para casa, ia aquela sala que descobrira dois anos antes e tocava. Ninguém aparecia ali depois que abrira a outra sala de música no andar de cima, então ficava tocando naquele lugar durante um tempo. Adorava isso, deixava sua voz soltar. Nunca havia sido notado, até agora. A mulher parada a porta contemplava o homem. Queria sentar ao seu lado e cantar junto, mas não permitia-se essa intromissão. Afinal, sua voz era maravilhosa demais para ser interrompida. Imaginou o que ele fazia, qual faculdade frequentava naquele Campus. Pensou que fosse música, mas poderia ser outra. Queria perguntar seu nome, se tinha namorada, onde morava, do que gostava. Sua curiosidade crescia a cada verso cantado. "And through timeless words in priceless pictures. We’ll fly like birds not of this earth. And tides they turn and hearts disfigure. But that’s no concern when we’re wounded together." Quase no fim da música, seu coração batia desesperadamente. A emoção dominava-a. Conhecia a música, somente não se apaixonara tão intensamente como agora. Ou era pela voz que estava se apaixonando? Ou era pelo homem que a cantava? Não sabia, mas não ousava mover o pé dali. "And we tore our dresses and stained our shirts. But it’s nice today, oh the wait was so worth it." Terminado de tocar, o jovem olhou para trás. Tivera uma sensação estranha durante a música, sentia que alguém o observava. Agora, olhando para trás não via ninguém. Provavelmente era algo da sua imaginação. Somente sabia que não cantava dessa maneira há muito tempo. Cantara com a alma, com a emoção, com o coração. Estava radiante. Saindo da sala, pensou que poderia voltar a tocar ali no outro dia. Talvez conseguisse cantar daquela maneira como cantara. De novo.

(A música do texto é "A beautiful mess" do Jason Mraz)

4 de jun. de 2010

O mundo em algum medo


Correu para as escadas sem olhar para trás. Não sentia mais o corpo, somente o desejo de fugir dali. O medo dominando-a. Desceu as escadas rapidamente, pulando vários degraus ao mesmo tempo. Podia senti-lo ali, sua respiração parecia ainda correr pelo seu pescoço. Abriu a porta do térreo. Estava vazio, mas mesmo assim ficou com receio de sair. E se ele aparecesse? Não poderia vê-lo novamente, não conseguiria fugir. Decidiu arriscar e saiu correndo rumo a saída. No meio do caminho olhou para trás e o viu. O olhar penetrava no dela. Sorriu de uma maneira que a fez entender que ele iria atrás dela. Não descansaria até tê-la nos braços e fazer todas as coisas que sonhara. Por ora, saiu correndo rumo a grande avenida movimentada. Pensou em ir direto a policia, mas sabia que não adiantaria. Seu marido tinha grande poder de persuasão, provavelmente convenceria os policias que ela era louca. Depois de uns vinte minutos parou de correr, sentiu agora todas as dores que antes não sentira. Mas o medo ainda corria pela suas veias, o medo apavorava, consumia. Olhou para os lados, vendo inúmeras pessoas que não prestavam atenção. Não sabiam do perigo que a mulher de olhos negros estava sofrendo. Queria fugir. Queria voar como um pássaro e ir para qualquer lugar. Longe dele. Pensou na família, pensou em como ela o havia conhecido. Era elegante e charmoso, logo a conquistara e a pedira em casamento. Tonta, aceitara de imediato. Nem o conhecia direito, estava cega de paixão. Havia, somente, dois meses que casara e sentia que estava presa a ele a vida inteira. Entrou no banco, sem pensar muita coisa tirou boa parte da quantia que possuía. Tiraria o resto quando chegasse ao destino. Entrou no metrô, em direção a rodoviária. Ia embora, mudaria de nome, largaria tudo. Mais tarde, mandaria um e-mail para sua mãe, contando-lhe que estava bem. Não voltaria a pisar naquela cidade, nunca nem o veria.

2 de jun. de 2010

Um passado distante

Abriu os olhos no mesmo horário de ontem, seu despertador interno nunca errava. As sete e meia da manhã despertara, levantando-se preguiçosamente até o banheiro. Antes reparou no calendário em cima da escrivaninha. 28 de Fevereiro. Não reparara que já haviam passado dois meses do Natal. Lembrou-se, de repente, dos natais de sua infância. Seu pai sempre o levava para a casa de seus avós em Nova Iorque, ficava admirado com a neve e a quantidade de luzes dessa época. Nesse tempo queria ser escritor, adorava ler romances antigos como "O morro dos ventos uivantes". Passava horas com um livro nas mãos, lendo, relendo e imaginando. Se identificava com as personagens e muitas vezes se colocava na história. Era mágico! Mas com o tempo perdeu essa magia, principalmente quando os pais morreram em um acidente e deixara uma empresa para cuidar. Não podia decepcionar o pai, então não abandonara a empresa. 10 anos depois estava ele ali, trabalhando muito. Fez projetos novos, mudou muita coisa e colocara a empresa com a sua cara, mas mesmo assim, não conseguia sentir o mesmo amor que sentia pela literatura quando criança. Sentou na mesa de café da manhã, logo a empregada trazendo um copo de café quente. Reparou na aparência tristonha da mulher e perguntou-lhe gentilmente o que havia acontecido. Surpreendeu-se quando ela começou a chorar e dizer que o marido havia fugido com uma amante. Sentiu dó e a mandou para casa, tendo o dia de folga. No caminho para o trabalho pensou na pobre senhora e imaginara com quem o infeliz fugira. Era uma mulher bondosa e honesta. Como poderiam largá-la de repente? Por isso, nunca casara. Não queria viver com uma pessoa por obrigação, ser um farto para ela. Sempre estivera ocupado demais, não poderia ser um bom marido. À noite se sentiu sozinho. Sentia saudades de sua família, queria alguém para estar junto. Pedir ajuda quando precisar. De novo, sentiu pena da empregada. Agora ficaria sozinha com dois filhos adolescentes. Sentiria ele falta dela? Provavelmente não. Fechou os olhos, tentando dormir. Imagens da infância, do pai, da mãe e dos avós não paravam de passar pela sua cabeça.

30 de mai. de 2010

I Never Told You - Colbie Caillat

Sinto falta daqueles olhos azuis. De como você me beija à noite. Sinto falta de como nós dormimos.



É como se não houvesse nascer do sol. Como o gosto do seu sorriso. Sinto falta do jeito que respiramos.



Mas eu nunca te disse o que eu deveria ter dito. Não, eu nunca te disse. Eu me segurei.




E agora. Eu sinto saudade de tudo em você. Não acredito que eu ainda te quero
depois de tudo que nós passamos. Sinto falta de tudo em você. Sem você.



Eu vejo seus olhos azuis toda vez que eu fecho os meus. Você torna isso difícil de ver. Onde eu pertenço. Quando não estou à sua volta é como se eu estivesse sozinha comigo.



Mas eu nunca te disse. O que eu deveria ter dito. Não, eu nunca te disse. Eu me segurei.



E agora. Eu sinto saudade de tudo em você (Mesmo que você se vá). Não acredito que eu ainda te quero (E te amando, eu nunca devia ter ido embora). Depois de tudo que nós passamos (Eu sei que não devia ter partido). Sinto falta de tudo em você. Sem você.



Mas eu nunca te disse. O que eu deveria ter dito. Não, eu nunca te disse. Eu me segurei.



E agora. Eu sinto saudade de tudo em você (Mesmo que você se vá). Não acredito que eu ainda te quero (E te amando, eu nunca devia ter ido embora). Depois de tudo que nós passamos (Eu sei que não devia ter partido). Sinto falta de tudo em você. Sem você.

24 de mai. de 2010

Bonecas Assassinas


Lembrava-se, de repente, de quando era criança. Nunca fora uma criança normal, também não havia como. Sua irmã aos três anos já a colocava para ver filmes do Chuck, o boneco assassino. Outro dia encontrou uma amiga de infância da sua irmã e riu-se ao contar que um dia ao chegar na casa da amiga viu a criança magrinha, de cabelos negros e branca como um papel novo arrancando a cabeça de uma boneca. Perguntou-a por que essa atitude e a criança respondeu"boneca assassina, boneca assassina". Respondam-me: Como essa pessoa poderia ser normal? Essa menina nunca gostara de boneca. Não havia amigas, afinal no seu prédio só haviam meninos e estes brincavam de carrinho, bicicleta e de patinete. Não teve influências femininas, apesar de sua mãe ser completamente vaidosa. Demorou para se interessar por qualquer garoto, sua família pensara que fosse lésbica. Mas não era. Apenas via o mundo de uma maneira diferente. Não achava divertido ficar horas se arrumando para ir a escola, preferia dormir mais meia hora do que a isso. Não era "relaxada" também. Gostava de combinar as roupas e os sapatos, até se interessava por vestidos e saltos altos. Somente maquiagem que não fora seu forte. Como é possível uma garota ter nojo de maquiagem? Talvez seja uma forma de se rebelar contra o mundo. Aos 14 anos percebeu-se não gostar de meninos da sua idade. Mais tarde, se imaginava com homens mais velhos, maduros, com profissões interessantes, intelectuais e artistas. Se imaginava no futuro, como uma linda mulher, bem sucedida e com vários homens babando por ela. Mesmo agora, não era normal. Tinha teorias estranhas sobre o mundo, via tudo de uma forma diferente e questionava demais. Como ela será daqui a uns anos?

17 de mai. de 2010

Apenas um adeus


Estava a duas cadeiras de distância. Não fazia grandes coisas, apenas escrevia qualquer besteira em um caderno. Não me notara, nem tinha como. Meu corpo não estava ali, só minha alma. Ele estava ali perto, mas parecia duas vidas nos separando. Queria tocar seus cabelos, mas nem um dedo meu se movia. De repente, ele sorrira. Sorrira ao ler algo em seu caderno. Perdi o fôlego e não conseguia mais concentrar-me no que tentava pensar. Meus olhos se perderam em seu sorriso. Imaginava poder tirar-lhe um sorriso. Um, somente, para mim. Um que eu pudesse guardar e levar a qualquer lugar. E quando precisasse, eu somente abriria uma caixa, uma sacola ou simplesmente tiraria do bolso. Mas tudo estava distante. Minha imaginação não poderia virar realidade. Afinal, na nossa mente tudo é mais belo e o real é sempre absurdo. Eu não conseguia mover um pé dali, nem uma unha sequer. Meus lábios não se abriam para chamá-lo. Ele não podia me ouvir. Levantei da cadeira e sem entender fui até ele. Queria senti-lo. Eu já o senti uma vez. Toquei seu rosto, ele não sentiu. Dei todo meu carinho a esse toque. Senti uma lágrima escorrer, mas não era a minha. Era a dele. Suas lágrimas desciam pelo seu rosto e eu tentava desesperadamente limpá-las, mas não conseguia. Abracei-o com força para acalmá-lo, mas para a minha surpresa ele chorava ainda mais. Ouvi apenas um suspiro dizendo "eu te amo" e foi quando percebi que ele sentia, não via, mas me sentia. Seu coração sabia da minha presença e precisava que eu fosse embora, que me despedisse. Isso era difícil. Fazia apenas um ano que fui-me dali. Um ano do terrível acidente que tirara a minha vida. Dou-lhe meu sorriso e acaricio seu rosto novamente. Não chorava mais. Estávamos em paz. Sussurrei em seus ouvidos o quanto o amava e desejava a vida mais feliz possível, mas que em breve nos encontraremos. Afastei-me e em segundos já estava longe dali. Sem a mim ele não sofria mais. Havia apenas a saudade e o amor. Ambos sabíamos que todo nosso caminho não havia terminado.

3 de mai. de 2010

Do nada

Um sorriso surgindo do nada, um olhar sincero no meio de uma tempestade. Uma confiança sobrenatural aparecendo entre duas pessoas que não se conheciam. Um amor subentendido, um coração inteiro. Os olhares, os sorrisos e a confiança se trocaram. O passado não importava, o caminho que percorreram até ali não existia. Só havia os dois no meio de uma multidão. Não precisavam de mais ninguém. A multidão e a tempestade pararam. Ou somente parecia, mas ambas estavam ali. Primeiro, as mãos se tocaram, os dedos se entrelaçaram, depois a boca, os lábios, a língua. Uma das mãos subia pelo braço, parando-a no ombro ao mesmo tempo que a outra surgia em volta de sua cintura. A cada mordida que davam em um dos lábios, o coração parava, voando dali para longe e retornando em segundos. De repente, os dedos estavam nos botões de sua blusa, abrindo lentamente e revelando cada pedacinho de sua pele. Ao terminar com eles, tirou a blusa delicadamente acariciando suavemente cada parte que passava. Sua boca foi descendo, deixando úmido toda a parte. Beijou seu pescoço, seu ombro e enfim, os seios, descendo pela barriga até o umbigo. Foi então que percebeu que a multidão fora embora e que não havia mais ruas, gritos e nem tempestade. Estava agora, na sua cama com ele em cima, beijando-a, acariciando-a, possuindo-a. Levantou num pulo, acordando de um sonho. Ainda estava excitada e perdera o sono. De manhã só conseguia pensar nele, na vontade que sentira e no coração acelerado. Mal entendia ela, que aquilo iria acontecer mais rápido do que podia imaginar.

28 de abr. de 2010

Aventurar-se

A praia estava deserta aquele horário. Via as ondas baterem na areia com força, o barulho forte e sua velocidade deslumbrando-os. Quando Jéssica ligara para John às três horas da manhã, ele a havia chamado de louca, sem noção e inúmeras outras palavras, mas concordava que precisavam se aventurar, viver um pouco de emoção. Agora, às cinco e meia da manhã com o sol nascendo percebia que ela estava certa. Era magnifico! Era mágico! Sentados na areia, sozinhos, abraçados e com as mãos entrelaçadas vendo o sol surgir no meio das ondas a felicidade os reinava. Era uma hora de carro de São Paulo a Santos, no caminho inteiro ouviram músicas altas e animadas. Vendo o nascer do sol, nas suas cabeças tocavam uma música calma. Ficaram ali sem dizer nada durante um tempo, não havia necessidade. Tudo parecia se completar, fazer sentido. Alguns senhores iam passear com seus cachorros, algumas crianças apareciam querendo brincar e eles se levantaram. O estômago roncava. Acabara de abrir uma padaria e ambos caminhavam até ela imaginando um delicioso café com muito açúcar e um pão francês com manteiga. Depois voltaram para São Paulo e sem pensar se jogaram na cama e fizeram amor como nunca fizeram antes. Comemoravam um ano de namoro e tudo estava magicamente perfeito. Nada tinha que mudar.

25 de abr. de 2010

With Me - Sum 41

Eu não quero que esse momento, algum dia acabe. Onde tudo é nada, sem você. Eu esperaria aqui para sempre só para , para ver você sorrir porque isso é verdade: Eu sou nada sem você.



Através disso tudo, eu cometi meus erros. Eu irei tropeçar e cair, mas eu digo essas palavras.



Eu quero que você saiba: com tudo, eu não vou deixar isso acabar. Essas palavras são meu coração e minha alma. Eu vou me segurar nesse momento, você sabe. Porque eu sangro meu coração para mostrar que não vou deixar isso acabar.



Pensamentos lidos e ditos, para sempre na dúvida e pedaços de memórias caem no chão. Eu sei o que eu fiz, e então, eu não vou deixar isso acabar. Porque isso é verdade: Eu não sou nada sem você.



Todas as ruas, onde eu andei sozinho. Sem lugar pra ir eu cheguei num fim.



Eu quero que você saiba: com tudo, eu não vou deixar isso acabar. Essas palavras são meu coração e minha alma. Eu vou me segurar nesse momento, você sabe. Porque eu sangro meu coração para mostrar que não vou deixar isso acabar.



Na frente dos seus olhos, isso cai do céu. Quando você não sabe o que você está procurando para achar. Na frente dos seus olhos, isso cai do céu. Quando você realmente não sabe o que vai encontrar. O que você vai encontrar. O que você vai encontrar. O que você vai encontrar.



Eu não quero que esse momento algum dia acabe. Onde tudo é nada, sem você.



Eu quero que você saiba: com tudo, eu não vou deixar isso acabar. Essas palavras são meu coração e minha alma. Eu vou me segurar nesse momento, você sabe. Porque eu sangro meu coração para mostrar que não vou deixar isso acabar.

1 de abr. de 2010

1000 Oceans - Tokio Hotel

Ruas vazias. Sigo a noite em cada fôlego. Os ventos são frios. O sol está congelado o mundo perdeu a sua luz. Eu carrego sua foto bem profunda em mim. De volta para você por mil mares. De volta para nós.



Não perca sua confiança e sua crença.
Apenas confie em mim!



Temos que cruzar mil vastos oceanos. Mil anos escuros quando o tempo estiver morto. Mil estrelas estão passando. Temos que cruzar mil vastos oceanos. Mil vezes contra uma interminável maré. Seremos livres para viver nossa vida.



Sei que em algum lugar. Nós encontraremos um pequeno lugar para você e eu. Tudo seguiu um caminho diferente. Não consigo sentir o pulso nas nossas veias. Tão fracos hoje. Vamos deixar que a nossa pulsação nos guie através do escuro. Apenas confie em mim!



Temos qu cruzar mil vastos oceanos. Mil anos escuros quando o tempo estiver morto. Mil estrelas estão passando. Temos que cruzar mil vastos oceanos. Mil vezes contra uma interminável maré. Seremos livres para viver nossa vida.



Não há nada nem ninguém que nós sentiremos falta. E um dia vamos olhar para trás sem arrependimentos.



Mil vastos oceanos. Mil anos intermináveis morreram. Mil vastos oceanos. Mil estrelas estão passando. Passando.



Por favor não se afaste de mim. Por favor não se afaste de mim.



Temos que cruzar mil vastos oceanos. Mil anos escuros quando o tempo estiver morto. Mil estrelas estão passando Temos que cruzar mil vastos oceanos. Mil vezes contra uma interminável maré. Então seremos livres. Por favor não se afaste de mim. Por favor não se afaste de mim.



Mil vastos oceanos!

24 de fev. de 2010

Rockstar - Nickelback

Eu estou cansado de ficar na fila de clubes que eu nunca vou entrar. Parece que eu sou o pior dos piores. E eu nunca vou vencer. Esta vida não mudou exatamente como eu queria que ela fosse.



Diga-me o que quer!



Eu quero uma casa nova em folha em um episódio de Cribs e um banheiro que eu possa jogar beisebol dentro. E uma banheira grande o suficiente para eu e mais dez.



Então o que você precisa?



Eu preciso de um cartão de crédito sem limite e um grande jato preto com um quarto dentro dele. Vou me juntar ao Mile High Club a trinta e sete mil pés.



Tá... E a novidade?



Eu quero um novo ônibus de turnê cheio de guitarras clássicas. Minha própria estrela na bulevar Hollywood. Algum lugar entre Cher e o James Dean está ótimo pra mim!



Mas como você vai fazer isso? Eu vou negociar essa vida para ter fortuna e fama. Até mesmo corto meu cabelo e mudo meu nome.



Porque todos nós queremos ser grandes estrelas do Rock. Vivendo em casa nas colinas,conduzindo 15 carros. As garotas são fáceis e as drogas são baratas. Vamos todos ficar secos, porque simplesmente não vamos comer e nós vamos nos bares mais badalados. Na área VIP com as estrelas de cinema. Todos os caçadores de fama vão aparecer por lá. Todas as coelhinhas da playboy com seu cabelo loiro oxigenado.



Hey, Hey, eu quero ser um astro do Rock. Hey, Hey, eu quero ser um astro do Rock.



Eu quero ser famoso como Elvis sem as costeletas. Contratar oito guarda-costas que adoram bater nos babacas. Dar alguns autógrafos para que eu possa comer de graça (eu vou querer um quesadilla, ah ha!) Eu vou vestir meu traseiro com a última moda. Ter a chave da porta da frente da mansão da Playboy. Vou ter uma mulher de capa de revista que ama gastar meu dinheiro por mim (Mas como você vai fazer isso?)Eu vou negociar essa vida para ter fortuna e fama. Até mesmo corto meu cabelo e mudo meu nome.



Porque todos nós queremos ser grandes estrelas do Rock. Vivendo em casa nas colinas,conduzindo 15 carros. As garotas são fáceis e as drogas são baratas. Vamos todos ficar secos, porque simplesmente não vamos comer e nós vamos nos bares mais badalados. Na área VIP com as estrelas de cinema. Todos os caçadores de fama vão aparecer por lá. Todas as coelhinhas da playboy com seu cabelo loiro oxigenado.



E eu vou me esconder em uma sala particular com o último dicionário e a revista Quem é Quem de hoje. Eles irão te dar tudo com aquele sorriso maléfico. Todo mundo vai ter um traficante de drogas na discagem rápida. Hey, Hey, eu quero ser um astro do Rock.



Eu vou cantar aquelas músicas que ofendem a censura. Vou pegar minhas pílulas em tubinhos de bala. Vou pegar uns cantores fracassados para escreverem todas minhas músicas, dublar todas as noites para que eu não cante errado.



Porque todos nós queremos ser grandes estrelas do Rock. Vivendo em casa nas colinas,conduzindo 15 carros. As garotas são fáceis e as drogas são baratas. Vamos todos ficar secos, porque simplesmente não vamos comer e nós vamos nos bares mais badalados. Na área VIP com as estrelas de cinema. Todos os caçadores de fama vão aparecer por lá. Todas as coelhinhas da playboy com seu cabelo loiro oxigenado.



Vou me esconder em uma sala particular com o último dicionário e a revista Quem é Quem de hoje. Eles irão te dar tudo com aquele sorriso maléfico. Todo mundo vai ter um traficante de drogas na discagem rápida.



Hey, Hey, eu quero ser um astro do Rock. Hey, Hey, eu quero ser um astro do Rock.